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Realismo é meu ovo

  • Foto do escritor: Tommy Lee Leite
    Tommy Lee Leite
  • há 2 minutos
  • 6 min de leitura

Realismo… uma palavra que vem trazendo muitas controvérsias nesses últimos anos, seja nos jogos, nos livros, nos filmes, etc, a discussão sobre ser real o bastante parece ser ininterrupta, mas ser realista é algo bom? Será essa questão que abordaremos no artigo de hoje.


Aviso:

 

Esse artigo repetirá muitas vezes o termo principal, invés de usar os variantes, para evitar maiores confusões. Então não estranhem a repetição contínua de “realismo isso” e “fantasia aquilo”.

 

Antes de tudo, temos que entender que não é possível uma obra ser completamente realista, não sem perder seu objetivo. Veja bem, livros, jogos, séries, filmes, etc, todos tem um objetivo principal: entreter.


Para uma obra ser totalmente real, ela teria que deixar de lado esse propósito e se tornar puramente informativa, então sua finalidade acabaria se tornando informar o espectador e não o divertir.


É basicamente a diferença entre um livro de história e um romance baseado naquele período histórico. Com isso, surge uma questão, até onde ser realista é bom?

 


Extremos

“Os extremos destroem uma obra, mas o equilíbrio a fortalece!”

Limites… eles existem em todo lugar e nessa questão não seria diferente. Obviamente, não existe uma régua que possa medir com exatidão o quão realista é uma obra, mas podemos dizer se aquilo está afetando negativamente ou positivamente, com base em nossas experiências ao interagir com ela.


Por exemplo, a indústria atual de jogos tem estado extremamente focada em produzir jogos com gráficos ultra realistas. Podemos ver isso em: Red Dead Redemption 2, GTA V, Baldur's gate 3, God of War 4 e Ragnarok, etc,


Todos esses títulos são uma das representações de jogos bons e com belos gráficos. Podemos ver aqui que o realismo não afetou negativamente; mas, sim, acrescentou mais a eles.


No entanto, temos um porém, esses jogos não tiveram um foco principal quase total na aparência, por isso não deixaram a desejar em outras áreas e é aqui que encontramos nossa “régua”.


Como mencionado no início, manter a harmonia em um projeto é crucial, uma vez que não é apenas um ou dois elementos que o compõem.


Ao comparar os jogos mencionados anteriormente com: The Order: 1886, Wacth Dogs 2 (em seu lançamento), Cyberpunk 2077, etc. É possível perceber um empenho quase que total em gráficos, afetando duramente os outros elementos do jogo.


Nesse cenário, todos tinham algo em comum, eram jogos lindos, mas só isso. As produtoras focaram tanto em lançar algo lindo e realista que acabaram esquecendo que se tratava de um jogo e não de um filme ou série interativos.


Claro, pode-se afirmar que são casos isolados, mas a verdade é que podemos ver a mesma coisa se repetindo em outras mídias.

Por exemplo, filmes, animes e séries com bons efeitos especiais e animação, mas vazios de qualquer história ou mensagem significativa.


Mas a verdade é que não é necessário uma boa animação, bons efeitos especiais ou mesmo uma história realista para a obra ser boa.


É nítido que tudo isso pode acrescentar positivamente, mas não é somente isso que faz o trabalho ser realmente excelente. Exemplos como Undertale, Pequeno príncipe, Chaves, entre outros, provam isso.


A trilha sonora, o enredo, a construção do mundo, a jogabilidade, as descrições, os personagens... tudo isso influência na criação de um bom trabalho.


Naturalmente, algumas obras dependem da muita mais da aparência para atrair público, como por exemplo: Ju-jutsu Kaisen, Demon Slayer, Cyberpunk 2077, maioria dos filmes da Marvel, etc. Mas isso não quer dizer que eles são compostos apenas disso, coisas como: jogabilidade, história e mensagens, também tem um certo foco.


Mas o que isso tudo revela? Basicamente, cada caso é um caso. Não é correto dizer que o realismo não é importante, mas sua existência não é altamente necessária em EXCESSO. O que vai decidir isso é basicamente o que a obra pede.


Um anime de luta com boa animação será bem mais popular e conseguirá entreter muito mais do que um sem, pois luta são MUITO visuais, então é realmente necessário ter uma animação mais fluida e bem animada.


Mas se passarmos para uma história de romance ou aventura, o impacto da boa aparência diminui e a história se sobressai em termos de importância.


Resumindo, julgar o livro pela capa não é uma boa. Focar em um elemento não vai garantir o entretenimento da maior parte do público, então o equilíbrio é necessário.


Embora vários assuntos tenham sidos abordados, ainda não chegamos no assunto principal, pois o realismo não é apenas aparência e é isso que vamos tratar a seguir.

 

A morte da fantasia

“Quando abandonamos os sonhos e paramos de imaginar… deixando o mundo perder a cor e apenas o frio cinza como verdade… é nesse momento que a fantasia morre, levando com ela…. inúmeros mundos, experiências e memórias.”

Uma pergunta precisa ser feita antes de nos aprofundarmos, é realmente necessário que uma história seja realista? Talvez sim, talvez não.


Não é de hoje que o “amadurecimento” e aprofundamento de obras virou uma tendência entre as produtoras.


Antigamente, os quadrinhos eram extremamente fantasiosos, quase não tendo nenhuma lógica, mas de uns tempos pra cá, histórias mais sombrias e “maduras” têm sido adotadas como linha principal.


  • O Superman que antes conseguia puxar planetas apenas com corretas e voar mais rápido que a luz ao redor do globo, chegado ao ponto de voltar no tempo, agora não consegue nem levantar um planeta. Antes ele era perfeito, o símbolo de humanidade e bondade, praticamente um santo, mas agora temos HQs onde ele é um ditador que ceifou inúmeras vidas.


  • Os contos de princesas que antes eram sobre achar o amor verdadeiro e eterno, agora são sobre salvar ilhas, crescer e achar seu lugar no mundo.


A fantasia que antes era usada como uma forma de escapar, virou uma janela para olharmos o mundo real de outra forma.


Os jogos que antes eram sobre salvar princesas, derrotar inúmeros inimigos e se divertir com os amigos, agora nos mostram como nossas escolhas e ações afetam a história e o mundo. Basicamente, as coisas ficaram mais complicadas.


É nítido também que existem obras com a mesma leveza de antigamente, mas são a exceção. Além disso, o aprofundamento não é ruim no geral, pois nos dá a chance de refletir e pensar mais profundamente sobre as mensagens que as obras têm a passar, mas tudo tem seu lado negativo e isso não seria diferente aqui.


O realismo ajuda na conexão com o público, afinal, é muito mais fácil se imaginar como um adolescente com poderes de aranha do que como um panda gordo e que luta Kung Fu.


A vantagem do realismo é também seu problema. Como as obras se aproximam da realidade, elementos mais fantasiosos acabam sofrendo, podendo até ser completamente apagados para dar lugar a conceitos mais “pé no chão”.


Um enredo imaginativo também não perde para uma realista; a fantasia nos ajuda a fugir do cenário monótono que é a realidade e permite que nossa imaginação vá além, para mundos nunca antes vistos.


Mesmo que as coisas nessas obras sejam raras ou impossíveis de acontecer, é bom às vezes imaginar como seria um amor verdadeiro e eterno, um mundo cheio de aventura e dragões, universos cheios de horrores cósmicos que poderiam destruir a mente de quem ousasse sequer mencioná-los.


A luta entre a realidade e a ficção acontece há séculos e até hoje não existe um vencedor claro. Talvez porque não tenha um; mas, atualmente, o realismo está saindo na frente.


Muitos consideram narrativas fantasiosas como infantis e coisas de criança, então a criação de obras voltadas para um público mais “adulto”, teve um grande crescimento.


Porém, todas as histórias tem um pouco de realismo e fantasia, a diferença é a quantidade.


Obras que são realistas demais, acabam por se tornar chatas, afinal, é como assistir a vida de outra pessoa, sendo que as vidas da maior delas são comuns e maçantes.


Do outro lado, histórias extremamente ficcionais acabam por se desconectar do público, sendo tão alucinantes e loucas que quase nenhum humano conseguiria compreender do que se trata aquilo.


No final, a questão não é sobre qual abordagem é melhor, mas sobre como equilibrar os elementos para atender às necessidades de cada obra.

 


Considerações finais


Resumindo tudo, parem de colocar farinha demais no bolo, ele pode até ser feito com farinha, mas não é composto apenas dela.


Não tenha medo de criar obras mais fantasiosas, apenas porque não são tão “profundas” ou “maduras”. Cada história pede uma coisa, então não é necessário ficar imitando os outros para ser bom.


Contudo, cuidado para não escrever uma fumação de banana que nem mesmo você entende do que se trata. Buscar sempre o equilíbrio é uma tarefa árdua, mas necessária.


Dito isto, obrigado por ler e até a próxima, pessoal.


Obs: provavelmente não terá próxima vez!






Créditos da thumbnail

 

Kiatazz: grande parceiro e amigo que fez a thumbnail.

 


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