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Quando Matar o Herói — ou Não

  • Foto do escritor: Safe
    Safe
  • 6 de ago. de 2023
  • 14 min de leitura

⚠ Artigo original escrito por Chris Winkle do site Mythcreants. Eu, Safe_Project, realizei apenas a tradução e diagramação. Boa leitura!


A morte de um protagonista é um pequeno e, ao mesmo tempo, grande passo para fazer seus leitores abandonarem a obra. Então.. será que vale a pena?


Em 2015, eu escrevi um artigo intitulado Como e Porquê Matar um Herói. Oferecia um ponto de vista neutro sobre os prós e contras sobre matar personagens adorados. E, sete anos depois, estou aqui para jogar essa neutralidade no lixo. Meu papel é recomendar escolhas que irão render um maior engajamento do público e não ser desinteressante.


Em muitas histórias, são os heróis que fazem os leitores irem e voltarem para a obra. Mesmo que a morte desse personagem não seja perturbadora, ainda assim pode fazer as pessoas perderem a motivação para voltar.


Quais personagens contam?

 

Algumas histórias acompanham muitas pessoas ao mesmo tempo, mas, em alguns desses casos, muitos desses personagens sequer são “pessoas reais”, muito menos heróis. Seus leitores vão ficar putos de verdade se você matar o ferreiro que deu informação no início da história ou a velha vidente nariguda? Não necessariamente. Vamos analisar e descobrir quais mortes seriam as mais perturbadoras; chocantes de se ver.


O quão bem o público conhece eles?

 

Muitos personagens que morrem em histórias são pouco conhecidos pela audiência. Seja um soldado sem rosto em uma horda de ataque ou um aldeão infeliz pego em um ataque, eles geralmente não tem nome e ganham uma pequena descrição antes de morrerem. Na maioria dos casos, a morte deles não afeta o público em geral.


Os leitores raramente ficam apegados àqueles que não conhecem. Então, a primeira coisa que você precisa examinar é há quanto tempo o personagem está ali pelos arredores e o quão bem ele foi desenvolvido. Esse personagem tem apenas algumas linhas em seu nome ou só “fazia presença” na maioria das cenas? Se eles forem personagens de POV (ponto de vista), o apego do público é ainda mais provável.


A hora/momento da morte também importa. Quanto mais cedo a morte ocorre, menos tempo os leitores possuem para se apegar ao personagem. Mortes precoces também podem ser um ótimo jeito de definir o tom da história. Dessa maneira, o público vai ter uma noção melhor de onde estão entrando.


Por outro lado, muitos escritores e/ou diretores tentam forçar um apego num curto período de tempo. Um personagem com nome é repentinamente apresentado e sua história é estranhamente contada durante o diálogo/narração antes deles irem de "arrasta pra cima". A intenção disso é fazer a morte ser trágica. Eles possuem mais impacto do que personagens sem nome, mas ainda não é tanto. Além disso, é uma tática bastante óbvia e até meio cafona. Se você quer que um personagem morra tragicamente, precisa planejar com antecedência.


Eles causaram uma boa impressão?

 

Naturalmente, o público não vai se importar muito com personagens aos quais não se apegaram. Exatamente por isso que esse artigo fala sobre morte de heróis, e não de vilões. A maioria dos vilões é feita para serem odiáveis, e suas mortes são raramente algo para se chorar sobre. Então quando for analisar a impressão que o personagem deixou, comece percebendo o quão heroico ele foi.


Um personagem que trai os outros heróis é menos “chorável” do que aquele que se esforça constantemente para ajudá-los, o mesmo se aplica para um braço-direito que está sempre ajudando em comparação com outro que tá sempre de preguiça.


Bem, mas isso é apenas uma das formas de medida. Para algo mais preciso, você pode julgar seus personagens pelas características boas: simpatia, abnegação e novidade. Um personagem com o qual os leitores se aproximem ou até se identifiquem vai também ser muito fácil de se apegar.


O público está pronto para vê-los morrer?

 

Alguns traços de caráter podem alterar a expectativa de morte de um personagem. O personagem estereotipado que parece projetado para a morte é um mentor mais velho que está a três semanas da aposentadoria. Na mente do público, o personagem vai sair da história em algumas semanas de qualquer maneira, então sua morte não muda tanto.


Infelizmente, isso tem um lado mais sombrio: valorizar menos a vida dos mais velhos. A maioria das pessoas ainda tem muitos anos felizes após a aposentadoria, mas pode precisar de apoio extra. Se nossas histórias fomentarem a ideia de que suas vidas não valem nada, isso inevitavelmente resultará em mortes desnecessárias. Portanto, não posso, em sã consciência, recomendar a criação de um personagem idoso que está “a três semanas da aposentadoria” apenas para matá-lo.


Da mesma forma, se o público entender que um personagem já está morrendo ou condenado, não será tão esmagador se eles decidirem sair em uma explosão de glória. O famoso último momento de coragem. E tá tudo bem. Mas nunca trate vidas deficientes como inúteis. Um personagem que está cronicamente doente, perde seus poderes, perde um ou mais membros, etc., ainda tem uma vida digna de ser vivida. É repreensível matar esses personagens no lugar de heróis saudáveis.


Do outro lado da moeda, a audiência não está preparada para a morte de um personagem que eles percebem como inocente. A morte de animais ou crianças sempre vão ser um tanto perturbadoras para algumas pessoas. Personagens que são “bolinhos fofos”, conhecidos por sua modéstia, gentileza e abnegação, também podem se enquadrar nessa categoria. Isso inclui personagens como Tara de Buffy the Vampire Slayer ou Tohru de Fruits Basket.


Ao todo, estimar quais mortes de personagens podem ser perturbadoras é útil ao planejar uma história. No entanto, a melhor maneira de julgar o apego ao personagem é perguntar aos seus leitores beta. Mesmo que eles leiam apenas o primeiro terço de sua história, meia dúzia de leitores beta podem fornecer uma medida mais precisa de quais personagens são amados.


O que justifica a morte do herói?

 

Vejamos agora os motivos mais comuns pelos quais os contadores de histórias matam personagens amados e qual a probabilidade de essa escolha valer a pena.


Atendendo a um público de Terror.

 

Apenas para já tirar isso do caminho, sim, você pode matar o herói durante um assassinato ou qualquer outra situação aterrorizante.


Frequentemente, eles ainda têm personagens extras para que haja mais pessoas para matar. E por que está tudo bem no horror? Principalmente porque essas histórias atraem um público mais específico que aparece para assistir pessoas sendo assassinadas. Eles não são para todos, mas se forem embalados e comercializados corretamente, atrairão o público certo.


Eles também são consistentes no que diz ao tom. Como dito anteriormente, mortes precoces são um bom jeito de definir a atmosfera, o clima sombrio. Histórias de terror comumente tem uma ou duas mortes logo de cara. Se você está escrevendo algo com vários protagonistas e nenhum deles morre logo no início, então você vai querer usar um outro meio de definir as expectativas certas para o que está por vir. Caso contrário, você pode acabar com uma história que pareça muito leve ou até meramente aventureira e no fim desapontar o público com uma morte perturbadora.


Embora as mortes sejam esperadas, o terror geralmente se beneficia de ter um personagem principal amado que chega ao fim. Esse é o motivo para os assassinos matarem os personagens menos amados primeiro. Assistir idiotas morrendo é menos tenso, mas mais divertido e catártico.


Histórias tensas que são um pouco mais longas também precisam de um cuidado extra sobre quantas mortes chocantes são implementadas. Se elas matam tantos protagonistas que precisam de substitutos ao longo da narrativa, pode haver uma queda na tensão. Por quê? Porque depois de assistir heróis serem mortos repetidas vezes, o público evitará deliberadamente se apegar a novos que são apresentados.


É por isso que os programas de TV de terror são mais propensos a serem antologias. Eles fornecem uma nova lista de personagens que podem viver ou morrer, sem a bagagem de uma longa história.


Aumentando a tensão.

 

Muitos escritores costumam matar personagens para mostrar o quão ameaçadora determinada situação é, particularmente quando o público assume que o protagonista tem a “proteção do roteiro”. Se o autor matar um personagem importante, os leitores começarão a se preocupar e perguntar se isso não pode acabar acontecendo com algum outro personagem que eles gostem. Isso aumenta a tensão.


Para romper com os “escudos do plot”, um personagem precisa morrer. Essas mortes são normalmente designadas para serem abruptas e chocantes, pois elas enfatizam como qualquer um pode morrer a qualquer hora e lugar. A morte de Wash no filme Serenity, a morte de Tara em Buffy the Vampire Slayer e a morte de Tasha Yar em Star Trek: The Next Generation se encaixam na fórmula.


Na maioria dos casos, não acho que isso compense. Por escolha, essas mortes são bem irritantes para os leitores. Se o personagem errado for escolhido, é provável que ele gere muitas controvérsias ou deixe cicatrizes na memória do fandom. Nós temos muitas maneiras de aumentar a tensão. Matar um herói é dificilmente necessário. Por fim, uma parte do público prefere o conforto de um final feliz previsível à preocupação genuína de que os personagens morram.


Dito isso, mortes parecidas são também colocadas para definir expectativas em histórias mais sombrias, o que funciona muito melhor. Um exemplo é a morte de Eddard Stark. Ele era o suposto personagem principal de Game of Thrones antes de ser morto no final do primeiro livro. George R. R. Martin fez isso para manter os leitores na dúvida sobre quem ganharia o trono. A morte de Eddard acontece no final do primeiro livro de uma longa série. Embora seja relativamente tarde, ainda é cedo o suficiente para moldar a série como um todo.


Ao considerar tudo isso, o aumento na tensão é uma das melhores justificativas para matar um herói.


Tirando um parente ou mentor do caminho.

 

Heróis mais jovens e menos experientes são facilmente ofuscados por parentes ou mentores. Por isso que muitas histórias introduzem um mentor que vai treinar o protagonista, e logo depois ele morre, fazendo o herói ter de se virar sozinho. Para um exemplo clássico, temos Star Wars: A New Hope. A morte da tia e do tio de Luke o incentiva a partir, e então a morte de Obi-Wan força Luke a lutar sem a ajuda de um Jedi mais experiente.


Para julgar o quão eficiente isso vai ser, primeiro analise o quão apegado o público pode ficar aos parentes ou mentores do herói. No caso de Luke, o público mal conhece seus tios, então é improvável que se importem com a morte dos dois. Obi-Wan é uma figura um tanto misteriosa, mas já existe há algum tempo. Principalmente, sua morte não tem tanto impacto, porque como um personagem mais velho que também é um mentor, os espectadores esperam que ele morra.


Mesmo que o público tenha menos probabilidade de ficar chateado com as mortes previsíveis de pais e mentores, acho que é melhor evitar essas mortes – principalmente porque são previsíveis. Neste ponto, parece um pouco clichê. Matar um mentor muitas vezes significa mais uma morte de uma pessoa idosa – desvalorizando assim suas vidas e roubando-lhes uma boa representação.


Embora possa ser um pouco mais complicado, temos outras maneiras de evitar que esses personagens ofusquem o herói. Mythcreants tem uma lista conveniente do que mais você pode fazer com os pais. Se você tiver um mentor mais velho, a idade dele pode impedi-lo de assumir tarefas fisicamente exigentes. Da mesma forma, uma lesão pode tirar personagens poderosos de ação para o clímax. Se você precisa evitar que pais e mentores façam viagens com o herói, dê a eles outras responsabilidades que eles não podem abandonar.


Dito isso, mentores nem sempre são velhos, e na maioria das histórias a opção mais simples é matá-los. Nesse caso, diminuir o tempo de desenvolvimento e espaço geral para eles pode impedir que a audiência se apegue muito a eles e fique muito chocada com suas mortes. Se seus leitores beta ficarem muito apegados ao personagem, procure por uma opção que não seja matá-lo, ainda que seja estranho.


Motivando o Herói.

 

A morte de amigos, aliados e pessoas amadas são comumente usadas para motivar o protagonista. Um tropo comum é a “mulher na geladeira”, na qual um interesse amoroso feminino é assassinado por um vilão para criar drama e motivação para um herói masculino. Este tropo é notoriamente sexista. Novamente, ao matar personagens, é importante observar a dinâmica de poder da situação. Matar personagens marginalizados para beneficiar heróis privilegiados não é uma boa ideia.


No entanto, se essas dinâmicas de poder forem invertidas, essa técnica pode funcionar. Isso porque geralmente é feito antes que o público tenha tempo de se apegar ao personagem morto. Pode ser no início da história ou logo após o interesse amoroso ser apresentado. Por exemplo, o programa de TV Cloak & Dagger usou uma reversão em que um interesse amoroso masculino foi literalmente enfiado em uma geladeira. Isso criou um drama para uma policial que estava tentando combater a corrupção em seu departamento.


Embora esse “congelamento” geralmente seja feito cedo, outras histórias esperam até pouco antes do clímax. Dessa forma, o herói vai para a luta final com determinação extra. No entanto, isso também significa que a audiência teve tempo suficiente para se apegar ao personagem que morreu. O personagem também não consegue fazer nada heroico durante o clímax. Isso não justifica. O benefício para a história é bem pequeno, podendo ser alcançado por outros meios.


Obviamente, o vilão pode sequestrar a amada do herói. Então, o personagem sequestrado pode ter agência em sua fuga, em vez de ficar sentado esperando para ser resgatado. Outra opção é destruir um lugar que o herói ama em vez de uma pessoa.


Descrevendo um sacrifício heroico ou queda.

 

Aqui, estou considerando que o primeiro e único personagem principal morre no fim da obra. Se o seu sacrifício heroico envolve um personagem secundário, não conta aqui.


Uma parte do público vai sempre ficar infeliz quando o protagonista morre. Mas, desde que a história terminou, isso não vai impedi-los de continuar lendo — a menos que este livro faça parte de uma série. Não recomendo matar o personagem principal e depois continuar a série com outra pessoa. Na maioria dos casos, isso não vai acabar bem.


A morte de um personagem principal é gloriosa de um jeito que a morte de um secundário não é. Na maioria dos casos, o protagonista faz um sacrifício para atingir a vitória. Então, o epílogo normalmente se foca em mostrar como os outros personagens honram as ações desse personagem. Embora a audiência não termine tão feliz, eles ficarão consideravelmente satisfeitos. Esses não são os finais mais populares, mas não são odiados e muitas pessoas os consideram significativos.


Se o seu personagem tem um arco negativo e morre por causa de sua má tomada de decisões, então fica um pouco mais complicado. Isso significa que você está escrevendo para uma audiência bem nichada, próximo do Horror. Essas histórias podem ser significativas, mas são difíceis de vender. Você precisará decidir se a grande queda que planejou vale a pena.


Atendendo as expectativas para a guerra.

 

Algumas histórias deixam implícita a expectativa de que um personagem importante vai morrer. Mais comumente, isso ocorre com histórias que envolvem grandes conflitos. A história pode ser sobre uma guerra ou pode se transformar em uma grande guerra que acontece na temporada final ou no último livro. Guerras matam muitas pessoas. Se a história retratar toda uma guerra e os únicos personagens que morrem forem insignificantes, esse custo parecerá irreal.


Mesmo fora da guerra, se seus personagens enfrentarem continuamente probabilidades esmagadoras de sobreviver, o público pode esperar uma morte. No livro The Guns Above, a autora Robyn Bennis faz um grande alarde sobre o quão perigoso é trabalhar em uma aeronave. Essas aeronaves são usadas na guerra e são incrivelmente frágeis. Depois de ouvir sobre todas as maneiras pelas quais as pessoas morrem em aeronaves durante todo o livro, parece errado que apenas alguns personagens secundários morram durante a história.


Em ambos os casos, o escritor utiliza de um cenário com uma sequência de mortes para aumentar a tensão por um período mais longo. Se a morte de um personagem significativo não aparecer nesses cenários, o público se sentirá enganado e tudo o que os protagonistas passaram será banalizado.


Uma luta grande e emocionante não significa que sua história atingiu esse limite. Um time de heróis pode enfrentar a morte certa e sobreviver desde que sua história não seja mais sombria. Quanto menor o realismo de sua história, mais esperado é que os protagonistas saiam ilesos. Por outro lado, se você tem muitas pessoas anônimas morrendo em segundo plano, isso é um sinal de que a morte de um protagonista pode ser esperada.


Depois de atingir um limite semelhante à guerra, matar um personagem popular torna-se a única maneira de evitar baratear o conflito. Isso significa que você pode incomodar alguns leitores. No entanto, também evita que muitos leitores se sintam insatisfeitos com um final barato.


Construindo a morte do Herói.

 

Digamos que você decidiu matar um personagem importante da história. qual a melhor maneira de fazer isso?


Escolhendo o personagem.

 

Uma morte que parece natural gera menos perguntas, gera menos estranheza/estranhamento. O que exatamente parece natural? É uma balança onde precisamos equilibrar dois opostos.


  1. Mortes fáceis. Personagens que estão “a três semanas da aposentadoria” ou que já estão morrendo se enquadram nessa categoria. Se o personagem que você escolher não for importante para a história, já está saindo, ou claramente seu personagem menos favorito, a morte parecerá planejada. A morte também é menos provável de atingir seu propósito. Uma morte fácil não fará com que a guerra pareça ter um custo e apenas fortalecerá a impressão de que personagens importantes têm escudos de enredo

  2. Mortes manipulativas. Por outro lado, algumas mortes de personagens parecem projetadas para maximizar o impacto. Se você tem um personagem infantil precoce, bolinho fofo ou um ente querido que o personagem principal bajula, sua morte dramática pode fazer o público se sentir manipulado. Mais uma vez, isso parece artificial e não natural. Como é mais provável que essas mortes sejam perturbadoras, o público pode ficar com raiva do autor.


Ao todo, você está procurando por um protagonista que não seja muito importante e nem muito pequeno. Escolha alguém que fará falta, mas cuja morte não criará uma grande cena.


Evite matar seus personagens mais marginalizados. O público marginalizado obtém menos representação, então quando os poucos personagens que os representam morrem, é mais perturbador. Se um personagem é o único com uma característica marginalizada específica ou tem mais características marginalizadas do que outros, é melhor que ele viva. Em muitos casos, você pode remover traços marginalizados de um personagem condenado e dá-los a alguém que vive.


Escolhendo o tipo de morte.

 

Parecido com a escolha entre morte fácil ou manipulativa, o tipo dela vai definir o quão impactante você quer que a cena seja. Vamos ver os dois opostos que nós temos.

  1. Morte heroica. Estas são mortes em que um herói sai em uma explosão de glória. Na maioria das vezes, o herói sabe que resistir ou salvar outras pessoas pode ser fatal. O herói morre após fazer um sacrifício intencional. Isso é menos perturbador para o público, porque o personagem ainda teve seu momento de destaque. O público também pode tirar significado da morte. No entanto, como essas mortes seguem claramente as convenções da história, elas têm menos realismo. Isso significa que eles não vão aumentar tanta tensão.

  2. Morte chocante. São mortes que acontecem sem aviso e muitas vezes sem muito motivo. Os personagens não têm controle sobre eles, e o público não tem nenhum significado para tirar. Eles geralmente são projetados para transmitir uma sensação de realismo e aumentar a tensão. Eles também são projetados para chocar, mas não considero isso um objetivo em si. Ao todo, eles fazem com que eventos perigosos pareçam mais consequentes, mas ao custo de tornar as mortes mais perturbadoras.

O tipo de morte que você usa deve se adequar à história que está contando. Na maioria das histórias, é melhor dar aos protagonistas mortes heroicas. Se a sua história for de terror ou de outra forma sombria e corajosa, você vai preferir principalmente mortes chocantes. Se sua história não é sombria, mas você precisa transmitir que muitas pessoas morreram, considere dar mortes heroicas aos personagens principais e mortes chocantes aos personagens secundários. Isso aumentará o peso de seus conflitos épicos sem tornar suas mortes mais perturbadoras ainda mais perturbadoras.


Escolhendo a hora da morte.

 

Este é bem simples. As mortes mais perturbadoras acontecem após o primeiro terço da história, mas antes do clímax.


O primeiro terço de uma história é aproximadamente o período em que as expectativas estão sendo definidas e o público ainda está conhecendo os personagens. As mortes precoces são, portanto, não apenas menos impactantes, mas também mais úteis para definir um tom sombrio. Histórias sombrias com muitas mortes provavelmente deveriam ter uma no primeiro terço.


Mortes no clímax ou depois permitem que personagens condenados estejam presentes na maior parte da história. Eles ainda podem participar do conflito climático e afetar o resultado. Isso significa que o público não perde tanto quando o personagem morre. Essas mortes tardias são uma boa escolha quando sua história não é particularmente sombria, mas você se sente obrigado a matar alguém para atender às expectativas.


Se você está matando personagens amados no meio da história, isso sugere uma história muito mais sombria.


Fazendo o personagem estar morto, tipo, de morte morrida mesmo.

 

Este é o seu lembrete para tornar claras todas as mortes de personagens permanentes: corte-os em pedaços, queime-os, faça outro personagem enterrá-los, etc. Se você matar personagens secundários fora da tela, o personagem do ponto de vista deve ver os corpos de perto depois.


Com tantos contadores de histórias retratando falsificações da morte, qualquer coisa menos pode deixar o público se perguntando se o personagem está realmente morto. Isso vai interromper a imersão, impedirá que eles experimentem totalmente o momento e possivelmente criará expectativas que você não está preparado para atender.


Não recomendo tentar convencer seu público de que um personagem está morto apenas para revelar o contrário. Já foi feito demais e você não quer que o público desista com raiva de algo que realmente não aconteceu. No entanto, às vezes é útil para um personagem pensar que outro está morto, sem enganar o público.


Nesse caso, você pode ser vago sobre o que aconteceu e não oferecer nenhuma prova de morte. Por exemplo, talvez apenas se suponha que o personagem esteve em um prédio que pegou fogo. Então, alguns dos corpos encontrados depois ficaram irreconhecíveis. A partir disso, um protagonista pode presumir que seu ente querido morreu, mas o público provavelmente saberá melhor.

 

Na maioria das histórias, uma morte impactante é algo a ser evitado. Mesmo assim, são muitos os casos em que uma morte pode agregar sentido à história ou proporcionar uma experiência melhor para as pessoas certas. Se você está considerando uma morte, pergunte-se qual é o propósito dela e o que o público deve tirar dela. Então, você pode julgar se o ganho vale a pena a perda.


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